Pois bem, eu começo com uma descoberta: finalmente encontrei o ponto de interrogação do meu computador! Incrível como isso é bom! Nunca imaginei que fosse me sentir tão pequena por ter um ponto doido, trazido de algum lugar em que se fala espanhol e não traduz o que penso. Quero um ponto correto, se tenho uma dúvida, ela é uma dúvida certa, não uma dúvida inclinada, de cabeça pra baixo, se equilibrando na minha frase inquisitória! ¿ ?
Eu passei uma semana difícil, tentando explicitar o limite entre minha manha, minha carência, e a minha necessidade de decidir o que faz realmente sentido. E não vou entrar na discussão de que nem eu mesma faço sentido, senão levo mais tempo em análise do que no meu relato.
Fato: ninguém deve ficar onde não é o seu lugar, roubando a frase do tal do Dylan, e colocando minha vida em poucas palavras. Lugares errados. Tenho a impressão de que, ou peguei o caminho mais curto e por isso mais fadado a um fim tipo Lobo Mau, ou peguei o caminho certo, tortuoso e longo que me levará ao paraíso.
Imagem: sem nem um vislumbre do paraíso, minha viagem tortuosa, longa e certa fica meio árdua! Conclusão: se estou no caminho árduo, longo, certo e tortuoso, ele me mostra uma ou outra flor para que eu não sinta tanto a feiúra de algumas coisas, e quando as flores demoram mais do que o normal para aparecer, ou quando eu fico tempo demais prestando atenção em verrugas, lodo e buracos, acabo achando que o tal do paraíso não está nem de perto na próxima esquina!
E digo mais, continuando minha visualização multicolorida, nesse meu caminho apareceram armadilhas, alçapões e encruzilhadas, e isso tudo levou alguns de meus acompanhantes. Um ou outro voltou, e novos se juntaram. Mas, como é um caminho tortuoso e cheio de adjetivos feios, é preciso uns passinhos pra gente chegar à conclusão de que a figura ao lado quer ficar mesmo ao lado, e não à frente ou atrás com uma faca...
Acontece de a gente vislumbrar algo lindo, sair correndo, e descobrir que o que brilhava tanto era um corpo de cobra e não olhos de gato. E também acontece de a cócega que assusta não ser um inseto hematófago (aula de biologia é cultura), e sim, um rabo peludo de um gatinho que adota você como caminhante companheiro da tortuosa estrada longa.
Se dou uns passinhos e olho meu esboço, percebo que não sei reclamar. E que não quero aprender.
E se me permite incluí-lo no devaneio, você meio que desapareceu no meio do diálogo, me deixou pensando sozinha. E não se esqueça de que esse é o MEU devaneio, não o SEU. Não sei qual filósofo disse um dia que nós viemos de um único ser, de uma bolotinha qualquer que ainda luta para ser inteira, o que explicaria toda a nossa angústia de ter companhia. E de questionar se nada se perdeu ao juntar as partes, como no caso da xícara quebrada que mesmo colada, deixa de ser a mesma xícara inteira... sem energia de ligação não se faz uma xícara nem com mil pedaços!
Não se esforce, caro Dromedário, se porventura não entender um pixel dessa tela. Eu também não sei escrever o que penso... Sempre quis um cabo que ligasse minha mente a outra mente. Ou a um tradutor. Mas tenho aprendido a viver sem fios. E a dizer quando não me expresso e a não me expressar quando digo. Se é que isso tudo faz algum sentido. Ou rima.
Minha intenção era concluir. Um the end simples, americanizado. Bem diferente do meu enredo francês.
E fico feliz que tenha ido recuperar sua corcova em um oásis que só você vislumbrou. Mesmo, mesmo. Espero que quando voltar, me traga imagens desse lugar, que possam ser transcritas em palavras e gestos. Um toque italiano para o meu mundo eclético.
Ir, voltar, longe, perto... metafísicas!
E quando eu apertar finalmente a tecla ENVIAR, vai ser com a condição de não me perguntar o que eu quis dizer, porque o que eu quis dizer, está dito... Com ou sem querer. Acho.
E se realmente preferir uma carta do tipo: quando vai adotar seu gato? Quando vou ver vc tocar? Que ótimos conselhos me deu! Tenha um bom dia!!!! ... Desista. Daqui saem parábolas sobre caminhos arduamente longos e tortuosos, e ás vezes áridos de deixar qualquer corcovado à procura de um laguinho azul! E sobre flores e gatos e gestos e palavras sobre companhia que fazem a trovadora se sentir tocada...
È isso.
-Fin-