quarta-feira, 31 de março de 2010

Umbigocentrismo

Egoísmo. Puro egoísmo. Não adianta fazer campanha, fazer beicinho, fazer de conta que não é com você, difícil ver alguém se colocar no lugar de quem está logo ali. É fácil fazer campanha para os desabrigados do Haiti, comprar cd para ajudar esfomeados se você não ajuda quem está ali do seu lado. O menor de rua também pede um  lanche, um trocado, uma ajuda... O que você dá? As costas? Ou resolve perder um pouco do seu tempo se preocupando com seu voto? A quantas sessões já assistiu na Câmara de sua cidade? Para quem deu seus valiosos votos? Votou nulo como revolta ou como omissão? Vai deixar que decidam sua vida por você?
Comece hoje assistindo o jornal, sabendo que além dos Nardoni tem outras notícias importantes e que afetam mais profundamente sua vida, e a de quem está ali, espreitando você com uma arma na mão. Vale a pena ficar parado e dizer que brasileiro é passivo? Você veio de que lugar, pangaré? E mora em que país? Até quando vai ser notícia de jornal a devolução de dinheiro, carteiras,cheques encontrados nas ruas? Por que o espanto quando uma pessoa que ganha um salário mínimo devolve o dinheiro de outra? Por que carregar idéias tão coloniais quanto a de que os ricos são honestos e os pobres não?
Acorda para a vida e repara que as coisas acontecem mesmo que se abstenha, mas o que acontece dificilmente vai ser bom, se você não está lá para defender seu próprio interesse!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Trânsito-sei-lá-que-número-estou-nervosa

Roubaram o estepe do meu carro. Simples assim, alargaram o buraco da chave, e eu fiquei sem um pneu e com um prejuízo. Tudo bem, com as coisas do jeito que estão, melhor mesmo me conformar e pagar a conta. Fiquei pensando umas coisas e ouvi outras do tipo:
- pelo menos não foi à mão armada;
- podia ter sido pior;
- ué, ele não quis levar os outros 4?;
- quem mandou estacionar na rua?;
- eu pago, depois você me devolve, a culpa foi minha (essa foi bem legal ouvir);
- da próxima vez, deixa um bilhete perguntando onde você pode recuperar o pneu;
- deixa também uma folha de cheque assinada para o  ladrão nem ter o trabalho de roubar, já vende para você mesma!;
-se você tivesse uma moto eles não roubariam o estepe (do meu irmão, claro);
- trezentos reais? da última vez que levei minha moto para o conserto paguei três! (idem);
- já se benzeu?;
- Por que? Por que? Por que? - olhando para cima- Falta mais alguma coisa?;
- com o vale-jegue que recebe para o transporte, melhor procurar um estábulo;
- ohm....

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Trânsito II

Caros pedestres, motoristas, pilotos e caronas:
- atravessar com uma cesta básica na cabeça, em uma curva sem iluminação, no farol vermelho é perigoso. Não faça isso a não ser que a patroa esteja esperando você em casa com sete pimpolhinhos esfomeados... e estará perdoado se for época de TPM. Garanto que ela é mais perigosa que a dona do Celta preto aqui.
- grávidas, idosos, portadores de deficiência, de pé quebrado, com crianças de colo ou arrastadas pelos pulsos: ATRAVESSEM SOMENTE QUANDO O FAROL DE PEDESTRES ESTIVER VERDE! Resistam ao terrível impulso de atravessar correndo pensando: vou que dá. Não dá.
- crianças da Rua Bocaina e vizinhanças. Celta preto passando significa corram por suas vidas! Não adianta dar um espacinho para que a motorista passe. Não dá. Tem que ser a rua toda. Idem para gatos, cachorros e pombos.
- prefeitos do ABC: não adianta pensar que vão economizar se mantiverem o asfalto esburacado. Claro que assim controlam melhor o limite de velocidade, mas o sucesso disso depende dos motoristas "assíduos", motorista novo cai no buraco e paralisa o trânsito. Melhor mesmo é asfalto recapeado, assim o motorista se empolga e é pego pelos radares móveis, imóveis e pedestres desavisados atravessando fora da faixa. Só no último caso é prejuízo, de resto é lucro na certa! Faça como um cara daqui de perto: transforme uma avenida movimentada e praticamente livre com limite de 60km/h em 40km/h. E atulhe essa avenida de radares. Funciona. Vai por mim. E ainda tem batida envolvendo três carros... e com vítima. Tem motorista que consegue. E não precisa ser de Celta preto.
- curva: só Schumacher e a motorista do Celta preto aceleram em curvas. O restante deve, por bem, frear. É mais seguro para todos, e garante que o seu possante permaneça na faixa.
- curva II: não adianta colocar a cabeça e esticar o pescoço, pedestre. Depois de uma curva vem sempre um carro. Atravesse na faixa. Vai que é o Schumacher... ou tem celta preto.
- de vez em quando faça um pequeno exercício: se coloque no lugar do próximo. Imagine-se atrás do volante, a pé ou embaixo do pneu (vai saber). Pode-se prever muitos acidentes desse modo. Vai por mim.
- não caia na besteira de ficar esperando a dona do Celta preto estacionar para conseguir falar ao telefone com ela. Deixe recado. Vai mais rápido.
- não, não queremos chicletes, balas, novos limpadores de para-brisa, ajudar no grupo de teatro, malabaristas, receber panfletos que vão lotar o carro de papel com cheiro forte de tinta de impressão. E não insistam. E NÃO ME JOGUEM ÁGUA NO PARA-BRISA! VAI QUE O MOTORISTA GOSTA DELE SUJO!
- falem ao motorista somente o indispensável. Volte ao item sobre prever o futuro.
- caronas adolescentes: carro não é a mesma coisa que ônibus. A pessoa que está ao seu lado pode estar manejando um veículo e olhar para você enquanto fala pode ser arriscado. Volte ao item: falar ao motorista somente o indispensável.
- setas: se vai virar para a esquerda, posicione a alavanca para baixo, direita para cima. Caso se esqueça, pode fingir que vai apontar com a mão esquerda. Funciona. E não se esqueça: DESLIGUE A MALDITA SETA DEPOIS QUE FIZER A CURVA! SETA NÃO SERVE PARA TODAS AS CURVAS QUE VAI FAZER ATÉ O SEU DESTINO FINAL, SERVE APENAS PARA A PRÓXIMA. Se o seu veículo não possui retorno automático de alavanca, use a mão mesmo.
- saideira: motorista de Celta preto não é distraída, só parece. Cochilou...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Come full circle

Eu gosto de círculos. E ciclos. Sem pontas. Sem fim. Ou melhor, com fim onde você mesmo estipula, do jeito que quiser.
Existem os falsos ciclos, como o da "cana de açúcar", de uma época remota demais para ser levada a sério. Por mim pelo menos. E também existem os ciclos tão certos que são capazes de transformar uma aversão doces em um ataque a um pacote de jujubas.
São vários, infinitos. Formam elos, correntes inteiras e são também únicos, de uma geração, uma vida, uma morte. Ou várias.
Difícil ver o que há além quando se anda em círculos mas ainda não percorreu todo o "dois-pi-erre". Cada passo trapaceia, ilude e mostra menos do que veríamos se fosse reta (e não é a reta uma circunferência de raio eterno?). E vai. Até que chega ao fim. E ao início. Mas já não é o mesmo ciclo.
Óbvio isso.