De vez em quando minha auto imagem é a de uma Eleanor Rigby com um gigantesco carrinho lotado de apetrechos e lixo. Que os eco-maníacos de plantão não me leiam, mesmo porque se evito o termo material reciclável é justamente devido à minha necessidade de dar ênfase à inutilidade do que venho arrastando.
Um dia, ao me lembrar de um fato constrangedor, corei. Tal fato ocorreu há quase vinte anos! Lixo. Que me servisse de lição. E só.
Tive que sacrificar uma das minhas gatas e eu simplesmente não consigo me lembrar do instante em que a veterinária me entregou o corpinho ainda quente e flexível, sem sentir uma dor tão profunda que me assusta.
Eu fiz o que pude. Por que a culpa? E a dor extrema?
Levei algum tempo para aceitar que a pessoa que estava ao meu lado não está mais. Gastei horas pensando nos erros, consertando mentalmente, para descobrir o óbvio: se um cara quer uma garota, ele se manifesta.
É preciso deixar ir, deixar passar, deixar estar...
Ao dia sua própria aflição.